Um pouco sobre como começou o projeto

LÚDICO

A ideia do projeto começou com a vontade de juntar duas paixões, os jogos de tabuleiro e a educação. Meu nome é Mauricio Iwama Takano e sou professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, câmpus Cornélio Procópio (UTFPR-CP) dês de 2011. A paixão pela educação já vem de muito cedo, meu pai fora professor de cálculo e álgebra linear na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e minha mãe fora professora de matemática em escolas públicas. Comecei efetivamente a trabalhar com educação em 2002, dando aulas particulares de matemática, física e língua inglesa.

Sempre acreditei que todas as pessoas são inteligentes à sua maneira, eu nunca entendi, por exemplo, como uma pessoa que saiba calcular com facilidade pode ser considerada inteligente, e uma pessoa que consegue aprender a tocar um instrumento com facilidade ou outra que consiga medir a distância entre dois pontos com apenas uma análise visual não. A vontade de entender melhor o que leva uma pessoa a ser considerada inteligente e também a vontade de estar sempre tentando desenvolver métodos de ensino melhores e mais efetivos, me fez conhecer trabalhos maravilhosos como o do professor Howard Gardner e do professor Celso Antunes, por exemplo.

Em 1983 Howard Gardner descreveu a teoria das inteligências múltiplas, a qual, ao contrário do que se acreditava na época (e, infelizmente, muita gente ainda acredita), define uma visão pluralista da mente, reconhecendo muitas facetas diferentes e separadas de cognição. Esse estudo me motivou muito, pois, acima de tudo, me mostrou que eu não era o único (muito menos o primeiro) a pensar que a pessoa não precisa saber resolver uma equação diferencial para ser considerada inteligente.

Continuando a pesquisa descobri diversas teorias sobre o uso de jogos na educação e como elas podem melhorar o aprendizado. Howard Gardner é bastante enfático ao afirmar que todas as inteligências podem ser desenvolvidas e melhoradas por meio de estímulos e práticas, e destaca o uso do “brincar” como ferramenta para esses estímulos e práticas. Quando se está brincando o indivíduo é capaz de assimilar de maneira mais rápida e com maior facilidade aquilo que lhe é apresentado. Baseado nesses estudos, o pesquisador Celso Antunes publicou uma série de livros que indica diferentes jogos para auxiliar no desenvolvimento das diferentes inteligências.

A designer de jogos Jane McGonigal descreve que um jogo só pode ser considerado um jogo se ele possuir quatro características fundamentais: Meta; Regras; Sistema de Feedback; e Participação Voluntária. As metas definem qual ou quais são os objetivos do jogo, as regras impõem limitações em como os jogadores tentarão alcançar os objetivos e o sistema de feedback diz aos jogadores o quão perto eles estão de alcançar os objetivos do jogo. A participação voluntária é a característica mais importante de todo jogo, é ela que garante que o aprendizado seja maximizado durante a prática do “jogar”.

Educação 1 - Livros
(1) A realidade em jogo – Jane McGonigal; (2) Inteligências Múltiplas: A teoria na prática – Howard Gardner; (3) Inteligências Múltiplas e seus jogos – Celso Antunes

Já a paixão pelos jogos vem de antes da paixão pela educação. Quando criança brincava de pega-pega, esconde-esconde, entre outras brincadeiras infantis da época. Depois vieram os video-games, começamos, eu e minha irmã, com o Phantom System, depois migramos para o Master Syster e continuamos com o Mega Drive e o Playstation 1. Em meio a tudo isso eu conheci os maravilhosos Role Playing Games (RPGs), que nos permitiam criar personagens com as características e os atributos que sonhássemos e viver aventuras incríveis.

É engraçado de se pensar, mas foi só depois de conhecer todos esses outros universos (dos jogos eletrônicos e dos RPGs) que fui conhecer os jogos de tabuleiro. Comecei com o jogo do Bicho-Papão, que, de tão desconhecido, nunca mais ouvi falar e nem encontrei fotos desse jogo. Basicamente era o jogo Ludo com outra temática. Depois fui conhecendo outros jogos, como o Jogo da Vida, Banco Imobiliário, WAR, entre outros. O jogo que mais me chamou a atenção na época foi o Hero Quest, por se assemelhar muito aos já conhecidos RPGs. Pela primeira vez eu vi que os jogos de tabuleiro podiam ser muito mais divertidos e muito mais elaborados do que os jogos mais tradicionais.

Fonte: Terra das Fábulas

Depois de adulto, quando eu já estava trabalhando com educação, voltei a ter contato com os jogos de tabuleiro por meio de um colega de trabalho, que auxiliou e continua auxiliando no sucesso do projeto. Esse novo contato me fez ver como os jogos de tabuleiro, assim como os jogos eletrônicos e os RPGs, evoluíram muito dês daquela minha época de infância. Hoje os jogos de tabuleiro, agora chamados pelo seu nome em inglês Board Games, possuem mecânicas mais elaboradas e temas totalmente distintos entre si. Mais importante ainda (pelo menos pra mim), cada jogo exige dos seus jogadores diferentes tipos de capacidade, sendo, dessa forma, capazes de auxiliar no desenvolvimento de múltiplas inteligências.

Essa percepção de que cada um dos jogos de tabuleiro modernos (Board Games) consegue trabalhar com diversas das inteligências dos jogadores me veio à tona justamente quando eu estava estudando sobre o que é a inteligência e como podemos desenvolvê-la. Então, juntando o útil ao agradável surgiu a ideia de criar o projeto de extensão intitulado “O uso de jogos de tabuleiro como ferramenta de ensino”, ao qual o grupo LÚDICO (Laboratório Universitário de Desenvolvimento de Inteligências e Cognições) está vinculado. Conheça mais sobre o projeto clicando aqui.

Agora, quase completando 1 ano de projeto, estamos iniciando o blog LÚDICO, onde iremos abordar vários temas relacionados com a educação e os jogos de tabuleiro. Para conhecer mais sobre o projeto visite também nossas outras mídias: Facebook e Instagram.

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